sábado, 9 de outubro de 2010

Um soneto

Negra Colina

Meus olhos serão teus, negra colina,
vestiu-te o dorso a lua, pálido zero,
capaz de revelar na noite albina
a paz serena e sã, meu desespero.
A luz traça um contorno e alucina
as árvores de mapa tão austero.
O que era solidão vira rotina,
onde arava o mistério, ora o mero.
A música do vento prende forma,
o abismo da vereda se desvia,
na casinha distante reina a norma...
Quando, negra colina, na noite imensa,
das minhas nuvens prenhes de poesia,
virá a tempestade mais intensa ?

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Meu Pai

Herança

Meu Pai, onde tu estejas,
tua luz será a minha,
luz guia e tão vizinha,
infinito que visceja.

Tudo o que meu olhar veja:
povos, mares, cidades,
veja sempre a verdade,
vinho da tua bandeja.

Assim eu sigo caminho
e vive comigo a certeza
que de ti herdei o porte,

o passo firme, a nobreza.
Deus me deu esta sorte,
a tua benção e carinho!

p/José Vieira Lima Filho
06.10.1921 30.09.1990 + in memoriam