quinta-feira, 26 de março de 2009

Um manifesto para Rosana


Para mil direções as coisas fluem.

O homem não torna-se diferente da natureza por ter dúvidas.

Não estranhe;

há tantos sentimentos em uma só pessoa:

difícil saber qual o mais forte,

qual se aventura a ser único.

Eu já não quero saber das respostas,

ver de antemão as saídas.

Só quero ter da estrada

a certeza que caminho.

As setas continuem a indicar direções:

cidades a quilômetros de distância.

Eu simplesmente ando

por todos os lados.

Por todos os lados há vida.

Todos os lados : a Vida.

quarta-feira, 18 de março de 2009

João, sempre João


Quando eu era pequenininho do tamanho de um botão

Cantava sempre "O Barquinho" que aprendi com João

Agora que sou bem grandinho e toco até violão

Eu vivo cantando "O Barquinho" que aprendi com João


Essa é uma playlist de gravações caseiras do João Gilberto que circulou na rede. Tem coisas lindas!

quarta-feira, 11 de março de 2009

O Menino Invisível


Monólogo da Velha

Bem-vindo a nossa casa,

quem nela sempre demora

Vívidalegriaquimora:

no coração ardem brasas.

Bem-vindo a nossa casa,

quem lhe deu tanto carinho,

vento invisível no ninho

do beijaflor bate asasas.

Seja bem-vindo, menino

do viso sempre alegre,

correndo feito uma lebre,

matreiro deusdodestino.

Seja bem-vindo, menino

que semprestevecomigo,

teu peito nu, meu abrigo,

teu desalinho, meu tino.

Eternos anos de lida

bulindo no caldeirão,

misturo co'a solidão

minhamargura de vida.

Eternos anos sozinha,

entresonhos e magia,

na deserta companhia

Da eternidade mesquinha.

Menino, vem com teu grito,

abate o velho direito,

transmuda o largonoestreito

desdiz o dito inaudito.

Menino, vem com teu fito,

pois se teu dorso não vejo,

ardonoadorno, harpejo
a tez do teu infinito.

Em 1983/1984 adaptei para teatro, a pedido de Humberto Pedrancini, o conto de Bradbury, O Menino Invisível. Ganhamos um prêmio de montagem da Fundação Cultural de Brasilia e Humberto dirigiu o espetáculo. Eu participei como ator. Na época, escrevi este monólogo em versos, que nunca mostrei ao Humberto e que pensava transformar em canção, o que nunca fiz. Dias atrás, criei esse blog . Como tinha que dar um nome, chamei-o O Menino Invisível. Ai me lembrei desse monólogo que tinha dedicado à minha tia Eloina e ao meu primeiro sobrinho e afilhado, Gregório.